domingo, 24 de outubro de 2010

Nenhuma Ocorrência

Domingo é geralmente um dia calmo. As 17:36, do dia 24 de outubro - um domingo - eu telefonei para a 5ª Delegacia da Polícia Capital e encontrei nenhuma resposta aos meus apelos por uma nota exclusiva. "Nenhuma ocorrência, graças a Deus", disse o bem humorado policial, Claudeonor, do outro lado da linha. Eu insisti: "Mas nada mesmo?". "Nope. Nadinha". E eu podia sentir o sorriso em sua fala.

 Domingo é mesmo um dia sagrado... Nem acidentes acontencem.

Tentei então ligar para a 6ª DP, localizada no centro da cidade, em uma das mais movimentadas ruas de Floripa: Mauro Ramos. "Mas... Nada mesmo?".  "É, hoje tá parado aqui"...
Na Centra da Polícia de Florianópolis a resposta foi "Ih, meu amor, hoje tá todo mundo na praia, ninguém saiu pra roubar ou cometer crime, não." disse o delegado. Mais um sorriso que eu "ouvir" e eu mesma vou sair e fazer alguma ocorrência!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Sobre o início do dia

Depois de um tempo a gente se acostuma a dormir junto. O aconchego, o abraço, o cheiro da pessoa amada.
Dormir sozinha é fácil. A gente toma um bom banho e faz daquele momento uma coisa única, só nossa. Se estica na cama, respira fundo, relaxa e o sono logo vem.
A parte difícil é acordar. Abrir os olhos e não ver ao lado alguém que te deixa feliz; não receber aquele beijo disfarçando o mal-hálito da manhã, ou o abraço - instinto de quando toca o despertador. Descer as escadas sem ouvir voz nenhuma a te dizer "bom dia", tomar café da manhã sentindo saudades e escovar os dentes sem precisar disputar pelo espaço da pia.

São as coisas mais simples que nos fazem amar mais.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Ensaiando a liberdade

Hoje está me fazendo bem relembrar velhos amores.
Tirei férias de você, do seu jeito paternalista e dos seus cuidados. Te mandei pra longe e fiquei parada, olhando você se afastar. Não sei bem por que razão eu fiz isso, mas me pareceu tão certo que o fiz. E disse 'tchau' sem sentir culpa, tristeza ou qualquer coisa que sinto quando me despeço.
Disse a mim mesma que era porque eu sabia que veria seu rosto novamente em breve, mas sejamos francos: eu precisava de férias. Você nunca entendeu que eu acho saudável sentir saudades e que gosto de separar os nossos espaços. Nem nunca entendeu que tento te agradar de mais. Lentamente cresce em mim o medo de que você não me mude em nada, mas que eu acabe mudando por você. Antes de ti eu me conhecia, agora eu já não sei.
Não entenda mal esse nosso tempo sozinho. Eu só preciso ter certeza de que ainda existo sem você. Por isso hoje está me fazendo bem relembrar velhos amores, mas não só eles. Também me faz bem lembrar velhos rancores, traumas, feridas profundas cujos pontos arrebentam de vez em quando... São todas marcas minhas. Elas podem não ser belas, mas me fizeram quem eu sou. E eu acho natural ter que passar tempo com elas, com todas essas marcas, cicatrizes, esses defeitos meus.
De vez em quando  preciso me encontrar com o resto de mim para mantê-lo intacto e talvez recuperar os pedaços do que eu era que se perderam no caminho.
Pode parece que não, mas aos meus olhos você é tão perfeito que dói. Dói ver em você o que eu queria ser, a certeza que queria ter, a autoconfiança que me falta, a determinação que admiro... Dói tanto que as vezes eu quero te evitar só para ver se te abalo nem que seja um único fio de cabelo. E então, quem sabe assim, fazendo tudo isso, eu volto a ser aquela por quem você se apaixonou, não é mesmo? Porque, querido, eu sei que eu mudei. E sei que você não está satisfeito.

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